O LIVRO DE URANTIA
DOCUMENTO 32
A EVOLUÇÃO DOS UNIVERSOS LOCAIS
Um universo local é a obra pessoal de um Filho Criador do Paraíso, da ordem dos Michaéis. Consta de cem constelações, das
quais cada uma abrange cem sistemas de mundos habitados. Cada sistema conterá, afinal, aproximadamente mil esferas habitadas.
Esses universos do tempo e do espaço são todos evolucionários. O plano criador dos Michaéis do Paraíso segue sempre o caminho
da evolução gradual e do desenvolvimento progressivo das naturezas e capacidades físicas, intelectuais e espirituais das
múltiplas criaturas que habitam a ordem variada de esferas compreendidas em um universo local.
Urântia pertence a um universo local cujo soberano é o Deus-homem de Nebadon, Jesus de Nazaré e Michael de Salvington. E
todos os planos de Michael para esse universo local foram integralmente aprovados pela Trindade do Paraíso, antes que ele
embarcasse na suprema aventura do espaço.
Os Filhos de Deus podem escolher os domínios das suas atividades de criador, mas essas criações materiais foram originalmente
projetadas e planejadas pelos Arquitetos do Universo-Mestre do Paraíso.
1. O SURGIMENTO FÍSICO DOS UNIVERSOS
As manipulações pré-universais da força-espaço e das energias primordiais são um trabalho dos Mestres Organizadores da Força
do Paraíso; mas, nos domínios do superuniverso, quando as energias emergentes tornam-se sensíveis à gravidade linear ou
local, os Organizadores da Força retiram-se, deixando a obra nas mãos dos diretores de potência do superuniverso envolvido.
Esses diretores de potência funcionam, isoladamente, nas fases pré-materiais e nas fases pós-força da criação de um universo
local. Um Filho Criador não tem a possibilidade de iniciar a organização do universo antes que os diretores de potência hajam
efetuado a mobilização de energias-de-espaço suficientes para proporcionar uma base material – sóis reais e esferas materiais
– ao universo que emerge.
Os universos locais têm, todos, aproximadamente, o mesmo potencial de energia, embora as suas dimensões físicas possam
diferir grandemente e ter, de tempos em tempos,variado o seu conteúdo de matéria visível. A carga de potência e a dotação de
matéria em potencial, de um universo local, são determinadas pelas manipulações dos diretores de potência e seus
predecessores, bem como pelas atividades do Filho Criador e pela dotação de controle físico inerente que os seus
colaboradores criativos possuam.
A carga de energia de um universo local é de aproximadamente uma centésima milésima parte da dotação de força do seu
superuniverso. No caso de Nebadon, o vosso universo local, a materialização da massa é ligeiramente menor do que isso. Em
termos físicos, Nebadon possui todas as dotações físicas de energia e de matéria que podem ser encontradas em qualquer das
criações locais de Orvonton. A única limitação física à expansão do desenvolvimento do universo de Nebadon consiste na carga
quantitativa de energia-de-espaço mantida cativa pelo controle da gravidade dos poderes conjugados e personalidades do
mecanismo combinado do universo.
Quando a matéria-energia houver atingido um certo estágio de materialização de massa, um Filho Criador do Paraíso surge em
cena, acompanhado por uma Filha Criativa do Espírito Infinito. Simultaneamente com a chegada do Filho Criador, começa o
trabalho na esfera arquitetônica que está para transformar-se no mundo-sede central desse universo local projetado. Por
longas idades, essa criação local evolui; sóis tornam-se estabilizados, planetas formam-se e entram nas suas órbitas,
enquanto continua o trabalho de criar os mundos arquitetônicos que irão servir como sedes centrais das constelações e
capitais de sistema.
2. A ORGANIZAÇÃO DO UNIVERSO
Os Filhos Criadores são precedidos, na organização do universo, pelos diretores de potência e por outros seres originários da
Terceira Fonte e Centro. Das energias do espaço, assim previamente organizadas, Michael, o vosso Filho Criador, estabeleceu
os reinos habitados do universo de Nebadon e, desde então, tem estado diligentemente devotado à administração desses reinos.
Da energia preexistente, esses Filhos divinos materializam a matéria visível, projetam as criaturas vivas e, com a cooperação
da presença do Espírito Infinito no universo, criam um corpo diversificado de personalidades espirituais.
Esses diretores de potência e controladores de energia, que em muito antecederam ao Filho Criador, nos trabalhos físicos
preliminares de organização do universo, servem, mais tarde, em uma ligação magnífica com esse Filho do Universo,
permanecendo, para sempre, no controle conjunto das energias que eles originalmente organizaram e colocaram em circuito. Em
Salvington, funcionam agora os mesmos cem centros de potência que cooperaram com o vosso Filho Criador na formação original
deste universo local.
O primeiro ato completo de criação física em Nebadon consistiu na organização do mundo-sede central, a esfera arquitetônica
de Salvington, com os seus satélites. Desde a época dos passos iniciais dos centros de potência e dos controladores físicos
até a chegada, nas esferas terminadas e completas de Salvington, do corpo vivente de assessoramento, houve um intervalo de um
pouco mais de um bilhão de anos do vosso tempo atual planetário. A construção de Salvington foi imediatamente seguida da
criação de cem mundos-sede centrais das constelações projetadas e das dez mil esferas-sedes dos sistemas locais projetados,
de controle planetário e de administração, junto com os seus satélites arquitetônicos. Esses mundos arquitetônicos são
destinados a acomodar tanto as personalidades físicas quanto as personalidades espirituais, bem como os seres em estados
moronciais intermediários ou em estágios de transição.
Salvington, a sede central de Nebadon, está situada no centro exato da massa-energia do universo local. O vosso universo
local, contudo, não é um sistema astronômico simples e, no seu centro físico, existe ainda um sistema imenso.
Salvington é a sede central pessoal de Michael de Nebadon, mas ele não será encontrado sempre ali. Embora o funcionamento
harmonioso do vosso universo local não requisite mais a presença fixa do Filho Criador na sua esfera-capital, não foi assim
nas épocas anteriores de organização física. Um Filho Criador não pode deixar o seu mundo-sede central até o momento em que a
estabilização gravitacional do reino haja sido efetivada, por intermédio da materialização de energia suficiente para
capacitar os vários circuitos e sistemas a se contrabalançarem entre si, por atração material mútua.
Em breve o plano físico de um universo está completo, e o Filho Criador, em associação com o Espírito Criativo Materno,
projeta o seu plano de criação da vida; e, conseqüentemente, essa representante do Espírito Infinito começa a sua função no
universo, como uma personalidade criativa distinta. Quando o primeiro ato criativo é formulado e executado, vem à existência
o Brilhante Estrela Matutino, a personificação desse conceito inicial criativo de identidade e ideal de divindade. Este é o
comandante executivo do universo, o colaborador pessoal do Filho Criador; que é uno com ele em todos os aspectos do caráter,
ainda que nitidamente limitado nos atributos de divindade.
E agora que está providenciado o braço direito, o dirigente executivo do Filho Criador, segue-se a vinda à existência de um
vasto e maravilhoso conjunto de criaturas diversas. Os filhos e as filhas do universo local vão surgindo e, logo em seguida,
é provido o governo para essa criação, que se estende desde os conselhos supremos do universo aos pais das constelações e aos
soberanos dos sistemas locais – que são agregações daqueles mundos destinados a se transformar depois nas moradas das várias
raças mortais, das criaturas de vontade; e a cada um desses mundos presidirá um Príncipe Planetário.
E então, quando esse universo houver sido assim tão completamente organizado e tão plenamente povoado, o Filho Criador inicia
a proposta do Pai de criar o homem mortal à sua imagem e semelhança divina.
A organização das moradas planetárias ainda está em andamento em Nebadon, pois este universo é, de fato, um agrupamento jovem
nos reinos estelares e planetários de Orvonton. No último registro, havia em Nebadon 3 840 101 planetas habitados, e Satânia,
o sistema local do vosso mundo, é claramente típico de outros sistemas.
Satânia não é um sistema fisicamente uniforme, nem uma unidade ou organização astronômica simples. Os seus 619 mundos
habitados estão localizados em mais de quinhentos sistemas físicos diferentes. Apenas cinco têm mais do que dois mundos
habitados e, destes, apenas um tem quatro planetas habitados, enquanto há quarenta e seis que têm dois mundos habitados.
O sistema de Satânia, de mundos habitados, está muito afastado de Uversa e daquele grande agrupamento de sóis que funciona
como centro físico ou astronômico do sétimo superuniverso. De Jerusém, sede central de Satânia, até o centro físico do
superuniverso de Orvonton, que está longe, muito longe mesmo, no diâmetro denso da Via Láctea, são mais de duzentos mil
anos-luz. Satânia está na periferia do universo local; e Nebadon está, agora, bem para fora, na direção da extremidade de
Orvonton. Do sistema mais exterior de mundos habitados, até o centro do superuniverso, há um pouco menos do que duzentos e
cinqüenta mil anos luz.
O universo de Nebadon agora se move para o extremo sul e leste, no circuito do superuniverso de Orvonton. Os universos
vizinhos mais próximos são: Avalon, Henselon, Sanselon, Portalon, Wolvering, Fanoving e Alvoring.
Todavia a evolução de um universo local é uma longa narrativa. Documentos tratando do superuniverso apresentam o assunto,
como os desta seção, tratando das criações locais, e continuam-no; enquanto os que se seguem, abordando a História e o
destino de Urântia, completam a narrativa. Vós, porém, só podereis compreender adequadamente o destino dos mortais de tal
criação local se fizerdes uma leitura profunda das narrativas da vida e dos ensinamentos do vosso Filho Criador, de quando
ele certa vez viveu a vida como um homem, à semelhança da carne mortal, no vosso próprio mundo evolucionário.
3. A IDÉIA EVOLUCIONÁRIA
A única criação que está perfeitamente estabelecida é Havona, o universo central, que foi feito diretamente pelo pensamento
do Pai Universal e o verbo do Filho Eterno. Havona é um universo existencial perfeito e completo, que está em torno da morada
das Deidades eternas: o centro de todas as coisas. As criações dos sete superuniversos são finitas, evolucionárias e
coerentemente progressivas.
Os sistemas físicos do tempo e do espaço são todos de origem evolucionária. Eles não estão estabilizados nem mesmo
fisicamente, não até que entrem nos circuitos estabelecidos dos seus superuniversos. E um universo local também só se
estabelece em luz e vida depois que as suas possibilidades físicas de expansão e de desenvolvimento se hajam esgotado, e até
que o status espiritual de todos os seus mundos habitados haja sido, para sempre, estabelecido e estabilizado.
Exceto no universo central, a perfeição é alcançada progressivamente. Na criação central, temos um modelo de perfeição, mas
todos os outros reinos devem alcançar essa perfeição pelos métodos estabelecidos, em particular, para o avanço desses mundos
ou universos. E uma variedade quase infinita caracteriza os planos dos Filhos Criadores para organizar, fazer evoluir,
disciplinar e estabelecer os seus respectivos universos locais.
À exceção da presença da deidade do Pai, cada universo local é, em um certo sentido, uma duplicação da organização
administrativa da criação central ou modelo. Embora o Pai Universal esteja pessoalmente presente no Seu universo de
residência, Ele não reside nas mentes dos seres que se originam naquele universo Dele, do modo como Ele literalmente reside
nas almas dos mortais do tempo e do espaço. Parece haver uma compensação infinitamente sábia no ajustamento e na
regulamentação dos assuntos espirituais da imensa criação. No universo central, o Pai está pessoalmente presente, como tal,
mas está ausente nas mentes dos filhos daquela criação perfeita. Nos universos do espaço, a pessoa do Pai está ausente, sendo
representada pelos seus Filhos Soberanos; todavia, Ele está intimamente presente nas mentes dos Seus filhos mortais, sendo
representado, espiritualmente, pela presença pré-pessoal dos Monitores Misteriosos, os quais residem nas mentes das criaturas
de vontade.
Nas sedes centrais de um universo local, residem todas as personalidades criadoras e criativas que representam a autoridade
administrativa independente e autônoma, excetuando-se a presença pessoal do Pai Universal. No universo local,pode-se
encontrar algo de cada um e alguém de quase todas as classes de seres inteligentes que existem no universo central,
excetuando-se o Pai Universal. Ainda que o Pai Universal não esteja pessoalmente presente em um universo local, Ele está
representado pessoalmente pelo Seu Filho Criador, que é, por algum tempo, o vice-regente de Deus e, em seguida, o governante
soberano e supremo por direito próprio.
Quanto mais a fundo descermos, na escala da vida, mais difícil torna-se localizar o Pai invisível, com o olho da fé. As
criaturas inferiores – e algumas vezes até mesmo as personalidades mais elevadas – acham sempre difícil visualizar o Pai
Universal nos seus Filhos Criadores. E assim, até chegar o momento da sua exaltação espiritual, quando então a perfeição do
desenvolvimento irá capacitá-las a ver Deus em pessoa, elas ficam cansadas, na progressão, alimentam dúvidas espirituais,
caem em confusão isolando-se, assim, das metas espirituais progressivas do seu tempo e universo. Dessa maneira, elas perdem a
capacidade de ver o Pai, quando contemplam o Filho Criador. A salvaguarda mais segura, para a criatura, na longa luta a fim
de alcançar o Pai, durante a época em que as condições inerentes tornam esse alcance de realização impossível, é agarrar-se,
com tenacidade, ao fato da verdade da presença do Pai nos seus Filhos. Literal e figurativamente, espiritual e pessoalmente,
o Pai e os Filhos são Um. É um fato: aquele que houver visto um Filho Criador terá visto o Pai.
As personalidades de um dado universo são estabelecidas e confiáveis, no princípio, apenas de acordo com o seu grau de
afinidade com a Deidade. Quando a origem da criatura está bastante distante das Fontes divinas e originais, seja dos Filhos
de Deus, seja das criaturas de ministração que pertencem ao Espírito Infinito, mais possibilidade há de desarmonia, de
confusão e, algumas vezes, de rebelião – de pecado.
Excetuando-se os seres perfeitos, originários da Deidade, todas as criaturas de vontade, nos superuniversos, são de natureza
evolucionária; começam pelo estado inferior e escalam sempre para cima, na realidade, para dentro. Mesmo as personalidades
altamente espirituais continuam a ascender na escala da vida, por meio de translações progressivas, de vida a vida, e de
esfera para esfera. E, no caso daqueles que acolhem os Monitores Misteriosos, não há de fato limites às alturas possíveis
para a sua ascensão espiritual e para a sua realização no universo.
A perfeição das criaturas do tempo, quando finalmente alcançada, é integralmente uma conquista e uma posse da personalidade
de boa-fé. Se bem que os elementos da graça sejam ministrados livremente, ainda assim as realizações das criaturas são
resultado dos seus esforços individuais, das suas vivências reais e da reação da personalidade ao ambiente existente.
O fato de a origem evolucionária ser animal não constitui estigma para qualquer personalidade, aos olhos do universo, pois é
esse o método exclusivo de produzir-se um dos dois tipos básicos de criaturas volitivas de inteligência finita. Quando as
alturas da perfeição e da eternidade são alcançadas, mais honras haverá, então, para aqueles que começaram mais por baixo e
que escalaram, com alegria, os degraus da vida, de luta em luta; e tais seres, ao alcançar as alturas da glória, haverão
adquirido uma experiência pessoal que incorpora um conhecimento factual de cada fase da vida, desde o ponto mais baixo até o
mais alto.
Em tudo isso é mostrada a sabedoria dos Criadores. Seria igualmente fácil para o Pai Universal gerar todos os mortais como
seres perfeitos; concedendo-lhes a perfeição pela sua palavra divina. Mas isso os privaria da experiência maravilhosa, da
aventura, da educação e do aperfeiçoamento, associados à longa e gradual ascensão para o interior;experiência esta a ser
provada apenas por aqueles afortunados que começam do ponto mais baixo possível na existência vivente.
Os universos que giram em torno de Havona foram providos com um número de criaturas perfeitas o suficiente apenas para fazer
face à necessidade de guias instrutores, modelos para aqueles que estão ascendendo na escala evolucionária da vida. A
natureza experimental do tipo evolucionário de personalidade é o complemento cósmico natural para as naturezas sempre
perfeitas das criaturas do Paraíso-Havona. Na realidade, tanto as criaturas perfeitas quanto as perfeccionadas são
incompletas no que diz respeito à totalidade finita. Contudo, na associação complementar das criaturas existencialmente
perfeitas, do sistema Paraíso-Havona, com os finalitores experiencialmente perfeccionados, os quais ascenderam dos universos
evolucionários, ambos os tipos encontram liberação das suas limitações inerentes, e assim podem conjuntamente tentar alcançar
as alturas sublimes do status último da criatura.
Essas transações entre as criaturas são repercussões, no universo, de ações e de reações, dentro da Deidade Sétupla, na qual
a eterna divindade da Trindade do Paraíso é conjugada com a divindade em evolução dos Criadores Supremos dos universos do
espaço-tempo por meio do poder de realização da Deidade do Ser Supremo, realizável nela e por meio dela.
As criaturas divinamente perfeitas e as criaturas evolucionariamente perfeccionadas são iguais, em grau de potencialidade de
divindade, mas diferem em espécie. Cada uma deve depender da outra para alcançar a supremacia no serviço. Os superuniversos
evolucionários dependem do universo perfeito de Havona, para proverem o aperfeiçoamento final aos seus cidadãos ascendentes;
e, por sua vez, também o universo central perfeito necessita da existência dos superuniversos que se perfeccionam, para
prover o desenvolvimento integral aos seus habitantes descendentes.
As duas manifestações primordiais de realidade finita, a perfeição inata e a perfeição vinda da evolução, sejam elas de
personalidades ou de universos, são coordenadas, interdependentes e integradas. Cada uma necessita da outra para
completar-se, na função, no serviço e no destino.
Pelo fato de o Pai Universal ter delegado tanto de Si próprio e do Seu poder a outros, não alimenteis a idéia de que Ele seja
um membro silencioso ou inativo na associação das Deidades. À parte os domínios da personalidade e o outorgamento do
Ajustador, aparentemente, Ele é a menos ativa das Deidades do Paraíso, pois Ele permite aos seus coordenados na Deidade, aos
seus Filhos e às inúmeras inteligências criadas atuarem tão amplamente na execução do Seu propósito eterno. Ele é o membro
silencioso do Trio criador, mas apenas no sentido de que Ele jamais faz nada daquilo que qualquer dos colaboradores
coordenados ou subordinados pode fazer.
Deus tem pleno entendimento da necessidade que cada criatura inteligente tem, de funcionar e experimentar e, portanto, em
todas as situações, sejam elas ligadas ao destino de um universo ou ao bem-estar da mais humilde das Suas criaturas, Deus
abstém-se de atividade, para que a galáxia das personalidades criadas e Criadoras possa atuar, e elas, inerentemente,
intervêm entre Ele próprio e qualquer situação ou evento criativo no universo. Todavia, apesar dessa abstenção, dessa
exibição de coordenação infinita, há, da parte de Deus, uma participação factual, real e pessoal, nesses eventos, por meio de
tantas agências e personalidades ordenadas, e nelas. O Pai está trabalhando em todos esses canais, e por meio deles, para o
bem-estar de toda a Sua vastíssima criação.No que concerne às políticas, condução e administração de um universo local, o Pai Universal atua na pessoa do seu Filho
Criador. O Pai não interfere jamais, seja na inter-relação entre os Filhos de Deus, seja nas associações grupais das
personalidades com origem na Terceira Fonte e Centro, ou seja, ainda, na relação entre quaisquer outras criaturas, como os
seres humanos. A lei do Filho Criador, o governo dos Pais da Constelação, dos Soberanos dos Sistemas e dos Príncipes
Planetários – as políticas e os procedimentos ordenados para tal universo – sempre prevalecem. Não há divisão na autoridade;
nunca há nenhum conflito entre o poder e o propósito divino. As Deidades estão em unanimidade perfeita e eterna.
O governo do Filho Criador é supremo em todas as questões ligadas a associações éticas, nas relações entre quaisquer grupos
de criaturas ou entre dois ou mais indivíduos, de qualquer grupo particular; mas um plano como esse não significa que o Pai
Universal não possa intervir, à sua maneira própria, e fazer o que satisfizer à mente divina para qualquer criatura
individual, em toda a criação, de acordo com o status atual de tal indivíduo ou com as suas perspectivas futuras, e conforme
o plano eterno do Pai e Seu propósito infinito.
Nas criaturas mortais volitivas, o Pai está efetivamente presente no Ajustador residente, um fragmento do Seu espírito
pré-pessoal; e o Pai é também a fonte da personalidade dessa criatura volitiva mortal.
Esses Ajustadores do Pensamento, dádivas do Pai Universal, estão relativamente isolados; eles residem nas mentes humanas, mas
não têm nenhuma relação discernível com os assuntos éticos de uma criação local. Eles não estão diretamente coordenados ao
serviço seráfico, nem à administração dos sistemas, constelações ou um universo local, nem mesmo ao governo de um Filho
Criador, cuja vontade é a lei suprema do seu universo.
Os Ajustadores residentes são uma das formas isoladas, mas unificadas, do contato de Deus com as criaturas da sua criação
quase infinita. Assim, Ele, que é invisível aos mortais, manifesta a Sua presença e, pudesse Ele, mostrar-Se-ia a nós de
outros modos ainda, mas essa outra revelação não é divinamente possível.
Nós podemos perceber e entender o mecanismo pelo qual os Filhos desfrutam de um conhecimento íntimo e completo sobre os
universos da sua jurisdição; mas não podemos compreender plenamente os métodos por meio dos quais Deus se mantém tão plena e
pessoalmente familiarizado com os detalhes do universo dos universos, embora possamos ao menos reconhecer a via por meio da
qual o Pai Universal pode receber informações a respeito dos seres da Sua imensa criação e manifestar-lhes a Sua presença.
Por intermédio do circuito da personalidade, o Pai torna-se sabedor – tem conhecimento pessoal – de todos os pensamentos e
atos de todos os seres, em todos os sistemas, de todos os universos, em toda a criação. Embora não possamos compreender
totalmente essa técnica da comunhão de Deus com os Seus filhos, a nossa certeza de que o “Senhor conhece os Seus filhos”
acaba sempre fortalecida, como também a de que, sobre cada um de nós, “Ele toma nota de onde nascemos”.
No vosso universo e no vosso coração, o Pai Universal está presente, espiritualmente falando, por meio de um dos Sete
Espíritos Mestres da morada central e, especificamente, por meio do Ajustador divino que vive, opera e aguarda nas
profundezas da mente mortal.
Deus não é uma personalidade autocentrada; o Pai distribui-Se livremente a Si próprio à Sua criação e às Suas criaturas. Ele
vive e atua, não apenas nas Deidades,mas também nos Seus Filhos, a quem Ele confia que tudo façam que lhes seja divinamente
possível fazer. O Pai Universal verdadeiramente despojou-se de todas as funções que possam ser executadas por um outro ser. E
isso é tão verdadeiro para o homem mortal quanto o é para o Filho Criador que governa no lugar de Deus, nas sedes centrais de
um universo local. E assim contemplamos os efeitos do amor ideal e infinito do Pai Universal.
Por essa outorga universal de Si próprio, temos provas abundantes, tanto da magnitude, quanto da magnanimidade da natureza
divina do Pai. Se Deus se houver abstido de dar algo de Si mesmo à criação universal, então, desse resíduo, Ele está
generosamente concedendo os Ajustadores do Pensamento aos mortais dos reinos, os Monitores Misteriosos do tempo, que tão
pacientemente residem nos candidatos mortais para a vida eterna.
O Pai Universal disseminou a Si próprio, por assim dizer, para enriquecer toda a criação com a posse de personalidade e com o
potencial de alcance espiritual. Deus deu-Se a Si próprio a nós, para que possamos ser como Ele, e o que Ele reservou a Si
próprio, de poder e de glória, foi apenas aquilo que é necessário para a manutenção daquelas coisas por cujo amor, assim, Ele
despojou-Se de tudo o mais.
5. O PROPÓSITO ETERNO E DIVINO
Há um propósito grande e glorioso na marcha dos universos pelo espaço. Toda a vossa luta mortal não é em vão. Somos todos uma
parte de um plano colossal, de uma obra gigantesca; e é a vastidão desse empreendimento que torna impossível ver grande parte
dele de uma só vez e durante qualquer das vidas. Somos todos uma parte de um projeto eterno que os Deuses estão
supervisionando e executando. Todo o mecanismo maravilhoso e universal move-se majestosamente no espaço, ao compasso da
música do pensamento infinito e do propósito eterno da Primeira Grande Fonte e Centro.
O propósito eterno do Deus eterno é um ideal espiritual muito elevado. Os acontecimentos do tempo e as lutas da existência
material não são senão um andaime transitório, a fazer uma ponte para o outro lado, para a terra prometida da realidade
espiritual e da existência superna. Evidentemente, vós, mortais, achais difícil compreender a idéia de um propósito eterno;
vós sois virtualmente incapazes de compreender o pensamento da eternidade, algo que nunca começa e que nunca acaba. Tudo
aquilo que vos é familiar tem um final.
Quanto a uma vida individual, à duração de um reino, ou à cronologia de qualquer série de eventos relacionados, pareceria que
estamos lidando com um trecho isolado do tempo; tudo parece ter um começo e um fim. E pareceria que tal série de
experiências, de vidas, de idades ou de épocas, quando arranjadas sucessivamente, constituiriam um caminho direto, um evento
isolado no tempo que passa momentaneamente, como um relâmpago diante da face infinita da eternidade. Mas, quando olhamos para
tudo isso por detrás dos bastidores, uma visão mais abrangente e uma compreensão mais completa sugerem que essa explicação
seja inadequada, disparatada, e completamente inapropriada para explicar, com propriedade, e também para correlacionar as
transações do tempo aos propósitos fundamentais e às reações básicas da eternidade.
A mim me parece mais adequado, aos propósitos de uma explicação à mente mortal, conceber a eternidade como um ciclo, e o
propósito eterno, como um círculo sem fim; o ciclo de eternidade, de algum modo sincronizado com os ciclos materiais
transitórios do tempo. No que diz respeito aos setores do tempo ligados ao ciclo da eternidade e formando uma parte dela,somos forçados a reconhecer que essas épocas temporárias nascem, vivem e passam exatamente como os seres temporários do tempo
nascem, vivem e morrem. A maior parte dos seres humanos morre porque, não tendo conseguido alcançar o nível espiritual para a
fusão com o Ajustador, a metamorfose da morte passa a ser o único procedimento possível por meio do qual eles podem escapar
das correntes do tempo e das amarras da criação material, tornando-se, assim, capacitados a dar o passo espiritual junto com
a procissão progressiva da eternidade. Tendo sobrevivido à vida de provas do tempo e da existência material, torna-se
possível, para vós, continuardes em contato com a eternidade e, mesmo, como parte dela, girando para sempre com os mundos do
espaço em torno do ciclo das idades eternas.
Os setores do tempo são como lampejos da personalidade, na forma temporal; aparecem por uma estação e então se perdem da
vista humana, apenas para ressurgirem como agentes e fatores novos da continuidade na vida mais elevada, no giro sem fim em
volta do círculo eterno. A eternidade dificilmente pode ser concebida como um percurso em linha reta, por causa da nossa
crença em um universo delimitado que se move em um círculo imenso e alongado em torno do local central, a morada do Pai
Universal.
Francamente, a eternidade é incompreensível à mente finita do tempo. Vós simplesmente não a podeis captar; vós não a podeis
compreender. Eu não a visualizo completamente e, ainda que o fizesse, a mim me seria impossível transmitir o meu conceito à
mente humana. Contudo, fiz o melhor que podia para retratar alguma coisa do nosso ponto de vista, para contar-vos algo do
nosso entendimento das coisas eternas. Estou tentando ajudar-vos na cristalização dos vossos pensamentos sobre tais valores
de natureza infinita e de importância eterna.
Há, na mente de Deus, um plano que abraça a cada criatura de todos os seus imensos domínios; e esse plano é um propósito
eterno de oportunidades sem fronteiras, de progresso ilimitado e de vida eterna. E os tesouros infinitos dessa carreira sem
par lá estão, para recompensar a vossa luta!
A meta da eternidade está adiante! A aventura de alcançar a divindade está diante de vós! A corrida da perfeição está em
curso! Todo aquele desejoso de participar poderá fazê-lo, e uma vitória certa irá coroar os esforços de todo ser humano,
nessa corrida de fé e confiança, dependente em cada passo, do caminho, da orientação do Ajustador residente e do guiamento do
espírito bom do Filho do Universo, que tão generosamente foi vertido sobre toda a carne.
[Apresentado por um Mensageiro Poderoso, temporariamente agregado ao Conselho Supremo de Nebadon e designado para esta missão
por Gabriel de Salvington.]
domingo, 27 de abril de 2008
segunda-feira, 7 de abril de 2008
A RELAÇÃO DE DEUS COM O UNIVERSO
O LIVRO DE URANTIA
DOCUMENTO 4
A RELAÇÃO DE DEUS COM O UNIVERSO
O Pai Universal tem um propósito eterno em relação aos fenômenos materiais, intelectuais e
espirituais do universo dos universos, propósito este que Ele está cumprindo ao longo de
todo o tempo. Deus criou os universos pela Sua própria vontade, livre e soberana, e criou-os
de acordo com o Seu propósito onisciente e eterno. É questionável que alguém, exceto as
Deidades do Paraíso e os Seus coligados mais elevados, realmente saiba muita coisa sobre o
propósito eterno de Deus. Até mesmo os cidadãos excelsos do Paraíso têm opiniões bastante
diversas sobre a natureza do propósito eterno das Deidades.
É fácil deduzir que o propósito de criar o universo central perfeito de Havona foi puramente
uma satisfação de natureza divina. Havona pode servir como modelo original de criação para
todos os outros universos e como aprendizado final para os peregrinos do tempo, no seu
caminho para o Paraíso; contudo, essa criação tão superna deve existir fundamentalmente para
o prazer e a satisfação dos Criadores perfeitos e infinitos.
O plano assombroso de aperfeiçoamento dos mortais evolucionários e, uma vez que hajam
alcançado o Paraíso e os Corpos da Finalidade, a fim de prover-lhes o preparo posterior para
alguma tarefa futura não revelada, com efeito, parece ser, no presente, uma das principais
preocupações dos sete superuniversos e das suas numerosas subdivisões; entretanto, esse
esquema de ascensão para espiritualizar e aperfeiçoar os mortais do tempo e do espaço não é,
de forma alguma, a ocupação exclusiva das inteligências do universo. Há, de fato, muitas
outras metas fascinantes que ocupam o tempo e canalizam as energias das hostes celestes.
1. A ATITUDE DO PAI PARA COM O UNIVERSO
Durante muitas épocas, os habitantes de Urântia têm interpretado erroneamente a providência
de Deus. Há uma providência divina operando no vosso mundo, mas ela não é o ministério
material, pueril e arbitrário que muitos mortais conceberam que fosse. A providência de Deus
consiste nas atividades entrelaçadas dos seres celestes e dos espíritos divinos, os quais,
de acordo com as leis cósmicas, trabalham incessantemente para a honra de Deus e para o
avanço espiritual dos Seus filhos no universo.
Acaso não podeis avançar no vosso conceito do trato de Deus com o homem, até aquele nível no
qual reconhecereis que a palavra de ordem do universo deve ser progresso? Durante longas
idades, a raça humana tem lutado para chegar ao seu estado atual. Ao longo de todos esses
milênios, a Providência tem colocado em prática o plano de evolução progressiva. Esses dois
pensamentos não são opostos na prática, apenas na concepção errônea dos homens. A
Providência divina não se alinha em oposição ao verdadeiro progresso humano, seja ele
temporal, seja espiritual. A Providência é sempre coerente com a natureza imutável e
perfeita do Legislador supremo. “Deus é fiel” e “todos os Seus mandamentos são justos”. “A Sua constância está estabelecida
nos próprios céus.” “Para sempre, ó Senhor, a Tua palavra estabeleceu-se nos céus. A Tua
fidelidade é para todas as gerações; Tu estabeleceste a Terra e ela permanece.” “Ele é um
Criador merecedor de fé.”
Não há limites para as forças e personalidades que o Pai pode usar para manter o Seu
propósito e sustentar as Suas criaturas. “O Deus eterno é O nosso refúgio, e por debaixo Ele
mantém os Seus braços perpétuos.” “Ele, que mora no lugar secreto do Altíssimo, habitará sob
a sombra do Todo-Poderoso.” “Olhai, Aquele que nos guarda não cochilará nem adormecerá.”
“Sabemos que todas as coisas trabalham juntas para o bem daqueles que amam a Deus”, “pois os
olhos do Senhor estão sobre os justos e os Seus ouvidos abertos às preces deles”.
Deus sustenta “todas as coisas pela palavra do Seu poder”. E mundos novos nascem, quando Ele
“envia espaço afora os Seus Filhos, e os mundos são criados”. Deus não apenas os cria, mas
“preserva-os todos”. Deus sustenta constantemente todas as coisas materiais e todos os seres
espirituais. Os universos são eternamente estáveis. A estabilidade se sustenta em meio à
instabilidade aparente. Existem uma ordem e uma segurança subjacentes, em meio às
perturbações da energia e aos cataclismos físicos nos domínios estelares.
O Pai Universal não Se retirou da administração dos universos; Ele não é uma Deidade
inativa. Se Deus deixasse de ser o sustentador sempre presente de toda a criação, um colapso
universal ocorreria imediatamente. Fora de Deus, não haveria uma coisa tal como a realidade.
Neste momento mesmo, bem como durante eras remotas no passado e no futuro eterno, Deus
continua como o sustentador. O alcance divino estende-se ao redor do círculo da eternidade.
Não se dá corda ao universo como a um relógio, para que funcione por um tempo até cessar de
funcionar; todas as coisas estão sendo constantemente renovadas. O Pai distribui
incessantemente a energia, a luz e a vida. O trabalho de Deus é tão real e prático quanto
espiritual. “Ele estende o norte sobre o espaço vazio e suspende a Terra sobre o nada.”
Um ser da minha ordem pode descobrir a harmonia última e detectar uma coordenação profunda e
ampla nos assuntos rotineiros da administração do universo. Muito do que parece ser
desconectado e fortuito, para a mente mortal, mostra-se ordenado e construtivo à minha
compreensão. No universo, entretanto, ocorrem muitas coisas que eu não compreendo
plenamente. Por muito tempo tenho estudado as forças, as energias, as mentes, as morôncias,
os espíritos e as personalidades reconhecidas dos universos locais e superuniversos, e por
isso tenho uma certa familiaridade com eles. Possuo uma compreensão geral de como essas
agências e personalidades operam; e estou intimamente familiarizado com os trabalhos das
inteligências espirituais dignas de crédito no grande universo. Apesar do conhecimento que
tenho dos fenômenos dos universos, vejo-me constantemente confrontado por reações cósmicas
que não posso penetrar inteiramente. Eu deparo continuamente com conspirações aparentemente
fortuitas, tecidas por uma interação de forças, energias, intelectos e espíritos, que não
consigo explicar de maneira satisfatória.
Considero-me inteiramente competente para descrever e analisar como operam todos os
fenômenos resultantes diretamente das ações do Pai Universal, do Filho Eterno, do Espírito
Infinito e, em grande parte, da Ilha do Paraíso. O que causa a minha perplexidade é deparar
com o que parece ser o desempenho dos Seus coordenados misteriosos, os três Absolutos de
potencialidade. Esses Absolutos parecem suplantar a matéria, transcender a mente e
sobrepujar-se ao espírito. Fico constantemente confuso, e muitas vezes perplexo, com a minha
incapacidade de compreender essas transações complexas que atribuo às presenças e à atuação
do Absoluto Inqualificável, do Absoluto da Deidade e do Absoluto Universal.
Esses Absolutos devem ser as presenças não totalmente reveladas no amplo universo que, nos
fenômenos de potência do espaço e na função de outros superúltimos, tornam impossível aos
físicos, filósofos ou mesmo aos religiosos predizer, com certeza, como as fontes primordiais
de força, conceito e espírito responderão às exigências feitas em uma situação complexa de
realidade, envolvendo ajustes supremos e valores últimos.
Há também uma unidade orgânica, nos universos do tempo e do espaço, que parece respaldar
toda a tessitura dos eventos cósmicos. Essa presença viva do Ser Supremo em evolução, essa
Imanência do Incompleto Projetado, é inexplicavelmente manifestada de quando em quando por
meio daquilo que parece ser uma coordenação assombrosamente fortuita de acontecimentos
cósmicos aparentemente desconectados. Essa deve ser a função da Providência – o âmbito do
Ser Supremo e do Agente Conjunto.
Estou inclinado a acreditar que é esse controle vasto e geralmente irreconhecível, de
coordenação e de interassociação, de todas as fases e formas da atividade universal, que
causa uma mescla tão variada, tão aparente e incorrigivelmente confusa, de fenômenos
físicos, mentais, morais e espirituais que, de um modo tão inequívoco, trabalham para a
glória de Deus e para o bem de homens e anjos.
Mas, em um sentido mais amplo, os “acidentes” aparentes do cosmo são indubitavelmente uma
parte do drama finito da aventura tempo-espacial do Infinito, na sua eterna manipulação dos
Absolutos.
2. DEUS E A NATUREZA
A natureza é, em um sentido limitado, a vestimenta física de Deus. A conduta, ou a ação de
Deus qualifica-se e modifica-se provisionalmente pelos planos experimentais, pelos modelos
evolucionários de um universo local, constelação, sistema ou planeta. Deus atua de acordo
com uma lei bem definida, invariável e imutável, em todo o amplo e vasto universo-mestre;
mas Ele modifica os modelos da Sua ação, de modo a contribuir para a conduta coordenada e
equilibrada de cada universo, constelação, sistema, planeta e personalidade, de acordo com
os objetivos, metas e planos locais dos projetos finitos para o desdobramento evolucionário.
Por conseguinte, a natureza, como o homem mortal a compreende, representa o fundamento de
respaldo e o suporte fundamental para uma Deidade imutável e para as suas leis invariáveis,
que se modificam, que flutuam e que passam por transtornos devido ao funcionamento local dos
planos, propósitos, modelos e condições inauguradas e levadas adiante pelas forças e
personalidades do universo local, da constelação, do sistema e dos planetas. Por exemplo: as
leis de Deus, tais como ordenadas em Nebadon, foram modificadas pelos planos estabelecidos
pelo Filho Criador e pelo Espírito Criativo desse universo local; e, além de tudo isso, a
operação dessas leis foi ainda ulteriormente influenciada pelos erros, falhas e insurreições
de alguns seres residentes no vosso planeta e pertencentes diretamente ao vosso sistema
planetário de Satânia.
A natureza é uma resultante, no tempo-espaço, de dois fatores cósmicos: primeiro, a
imutabilidade, a perfeição e a retidão da Deidade do Paraíso; e, segundo, os planos
experimentais, os tropeços nas execuções, os erros de insurreições, a incompletude no
desenvolvimento e a imperfeição de sabedoria das criaturas exteriores ao Paraíso, das mais
altas às mais baixas. A natureza, portanto, traz um vínculo de perfeição, uniforme,
imutável, majestoso e maravilhoso, que vem do círculo da eternidade; mas, em cada universo,
planeta e vida individual, essa natureza é modificada, qualificada e desfigurada casualmente
pelos atos, erros e deslealdades das criaturas dos sistemas e dos universos evolucionários;
e é por isso que a natureza tem sempre o ânimo mutável e caprichoso, se bem que estável, no
fundo, e que varia de acordo com os procedimentos vigentes em cada universo local.
A natureza é a perfeição do Paraíso dividida pela incompletude, pelo mal e o pecado dos
universos inacabados. Esse quociente expressa, assim, tanto do perfeito quanto do parcial,
tanto do eterno quanto do temporal. A evolução contínua modifica a natureza fazendo aumentar
o seu conteúdo de perfeição do Paraíso e reduzindo o conteúdo de mal, de erro e de
desarmonia da realidade relativa.
Deus não está pessoalmente presente na natureza, nem em nenhuma das forças da natureza, pois
o fenômeno da natureza é uma superimposição das imperfeições da evolução progressiva e,
algumas vezes, das conseqüências da rebelião insurrecionária, sobre os fundamentos
provenientes do Paraíso, da lei universal de Deus. Do modo como se apresenta em um mundo,
tal como o de Urântia, a natureza jamais pode ser a expressão adequada, a verdadeira
representação, o retrato fiel de um Deus infinito e onisciente.
A natureza, no vosso mundo, é uma requalificação estipulada das leis da perfeição, feita
pelos planos evolucionários do universo local. Que farsa é adorar a natureza porque esteja
penetrada por Deus, pois ela o está de um modo limitado e restritivo, porque é apenas uma
fase do poder universal e, portanto, do poder divino! A natureza também é uma manifestação
do inacabado, do incompleto, das elaborações imperfeitas do desenvolvimento, do crescimento
e do progresso de um universo experimental, em evolução cósmica.
Os defeitos aparentes do mundo natural não indicam quaisquer defeitos correspondentes no
caráter de Deus. As imperfeições observadas são meramente as interrupções momentâneas
inevitáveis na projeção de um filme sempre em movimento, que é a infinitude. E são essas
mesmas interrupções defeituosas, da perfeição em continuidade, que possibilitam à mente
finita do homem material captar uma visão fugaz da realidade divina no tempo e no espaço. As
manifestações materiais da divindade parecem defeituosas à mente evolucionária do homem,
apenas porque o homem mortal insiste em uma visão dos fenômenos da natureza por meio dos
seus olhos naturais; pela visão humana não ajudada pela mota moroncial; nem por meio da
revelação, que é a substituta compensatória da mota nos mundos do tempo.
E a natureza está desfigurada: a sua face de beleza tem cicatrizes, as suas feições ficaram
murchas com a rebelião, pela conduta errônea, pelo pensamento desviado das miríades de
criaturas que são uma parte da natureza, mas que têm contribuído para a sua desfiguração no
tempo. Não, a natureza não é Deus. A natureza não é um objeto de adoração.
3. O CARÁTER IMUTÁVEL DE DEUS
Por um tempo grande demais o homem pensou em Deus como um ser semelhante a si próprio. Deus
não tem, nunca teve e nunca terá rivalidade ou ciúme do homem, nem de qualquer outro ser no
universo dos universos. Sabendo que o Filho Criador pretendia que o homem fosse a obra-prima
da criação planetária, que fosse o soberano da Terra inteira, quando Deus teve a visão do
homem sendo dominado pelas suas próprias paixões mais baixas, e viu o espetáculo da Sua
criatura prostrada diante de ídolos de madeira, de pedra, de ouro, e diante da própria
ambição egoísta – essas cenas sórdidas levaram Deus e os Seus Filhos a tomar-Se de zelo e de
cuidado pelo homem, mas nunca por rivalidade nem por ciúme do homem.
O Deus eterno é incapaz de ira ou de raiva, no sentido que essas emoções humanas têm e como
o homem entende tais reações. Esses sentimentos são mesquinhos e desprezíveis; são indignos
de serem chamados até de humanos e mais ainda de divinos; e tais atitudes são totalmente
alheias à natureza perfeita e ao caráter pleno de graça do Pai Universal.
Uma parte muito grande da dificuldade que os mortais de Urântia têm de compreender Deus
deve-se às conseqüências, de longo alcance, da rebelião de Lúcifer e da traição de
Caligástia. Em mundos não segregados pelo pecado, as raças evolucionárias são capazes de
formular idéias muito melhores do Pai Universal, pois os seus conceitos sofrem menos
distorções, confusões e deturpações.
Deus não se arrepende de nada que haja feito, que agora faça ou que venha um dia a fazer.
Ele é onisciente, bem como onipotente. A sabedoria do homem vem das provações e dos erros da
experiência humana; a sabedoria de Deus consiste na perfeição inqualificável, ou ilimitada,
do Seu discernimento universal infinito e irrestrito; e esse pré-conhecimento efetivamente
dirige o Seu livre-arbítrio criador.
O Pai Universal nunca faz nada que cause dor ou arrependimento subseqüentes. Mas as
criaturas volitivas, planejadas e feitas pelas Suas personalidades Criadoras, nos universos
remotos, pela própria escolha desafortunada dessas criaturas, algumas vezes, causam emoções
de pesar divino nas personalidades dos seus pais Criadores. Todavia, embora o Pai não cometa
erros, nem abrigue arrependimentos, ou experimente o pesar, Ele é um Ser que tem uma afeição
de Pai, e o Seu coração fica pesaroso, sem dúvida, quando os Seus filhos falham em atingir
os níveis espirituais que seriam capazes de alcançar, com a assistência que foi tão
livremente provida pelos planos da realização espiritual e pelas políticas de ascensão dos
mortais nos universos.
A infinita bondade do Pai está além da compreensão da mente finita do tempo; por isso é que
deve haver sempre uma forma de contraste com o mal comparativo (não o pecado) para a
exibição efetiva de todas as fases da bondade relativa. A perfeição da bondade divina pode
ser discernida pela intuição mortal imperfeita apenas porque ela se destaca, por contraste,
da imperfeição relativa das relações entre o tempo e a matéria, nos movimentos do espaço.
O caráter de Deus é infinitamente supra-humano; e é por isso que essa natureza da divindade
deve ser personalizada, como o é, nos Filhos divinos, antes que possa ser captada com a fé,
pela mente finita do homem.
4. COMO COMPREENDER DEUS
Deus é o único ser estacionário, autocontido e imutável em todo o universo dos universos e
para quem não há um lado exterior além, nem passado, nem futuro. Deus é energia com um
propósito (o espírito criador) e vontade absoluta, atributos que são auto-existentes e
universais.
Posto que Deus existe por si próprio, Ele é absolutamente independente. A própria identidade
de Deus é inimiga da mudança. “Eu, o Senhor, não mudo.” Deus é imutável; mas, até que vós
tenhais alcançado o status do Paraíso, não podeis nem mesmo começar a entender como Deus
pode passar da simplicidade à complexidade, da identidade à variação, da quiescência ao
movimento, da infinitude à finitude, do divino ao humano e da unidade à dualidade, e, desta,
à trindade. E Deus pode, assim, modificar as manifestações da sua absolutez, pois a
imutabilidade divina não implica a imobilidade; Deus tem vontade – Ele é a vontade.
Deus é o Ser da autodeterminação absoluta, não há limites para as Suas reações no universo,
exceto aqueles que são auto-impostos, e os Seus atos de livre-arbítrio são condicionados
apenas por aquelas qualidades divinas e atributos perfeitos que caracterizam inerentemente a
Sua natureza eterna. Portanto, Deus está relacionado ao universo como o Ser de bondade final
e, ainda, de vontade livre de infinitude criadora.
O Pai-absoluto é o criador do universo central e perfeito e o Pai de todos os outros
Criadores. Deus compartilha a personalidade, a bondade e inúmeras outras características,
com o homem e outros seres; a infinitude da vontade, entretanto, é apenas Dele. Deus é
limitado, nos Seus atos criadores, apenas pelos sentimentos da Sua natureza eterna e pelos
ditames da Sua sabedoria infinita. Deus pessoalmente escolhe apenas aquilo que é
infinitamente perfeito, daí a perfeição superna do universo central; e, embora os Filhos
Criadores compartilhem plenamente a Sua divindade e até mesmo algumas fases da Sua
absolutez, eles não estão completamente orientados por aquela finalidade de sabedoria que
dirige a infinitude da vontade do Pai. E por isso, na ordem de filiação dos Michaéis, o
livre-arbítrio criador torna-se mais ativo, mais plenamente divino, e quase último, se não
absoluto mesmo. O Pai é infinito e eterno, mas negar a possibilidade da Sua autolimitação
volitiva equivaleria a negar o próprio conceito de absolutez da Sua vontade.
A absolutez de Deus permeia todos os sete níveis da realidade universal. E a totalidade da
Sua natureza absoluta está sujeita à relação do Criador com a Sua família de criaturas no
universo. A precisão pode caracterizar a justiça trinitária no universo dos universos, mas
em todo o Seu vasto relacionamento familiar, com as criaturas do tempo, o Deus dos universos
Se pauta pelo sentimento divino. Em primeiro e último lugares – eternamente –, o Deus
infinito é um Pai. Entre todos os títulos possíveis pelos quais Ele poderia ser conhecido
apropriadamente, fui instruído a retratar o Deus de toda criação como o Pai Universal.
Em Deus, o Pai, os atos do livre-arbítrio não são regidos pelo poder, nem guiados apenas
pelo intelecto; a personalidade divina é definida como consistindo no espírito e
manifestando a Si próprio aos universos como amor. Portanto, em todas as Suas relações
pessoais, com as personalidades criaturas dos universos, a Primeira Fonte e Centro é sempre
e de forma coerente um Pai amoroso. Deus é um Pai, no sentido mais elevado do termo. Ele
está eternamente motivado pelo idealismo perfeito do amor divino; e essa natureza terna
encontra a Sua mais forte expressão e a maior satisfação em amar e ser amada.
Para a ciência, Deus é a Primeira Causa; para a religião, o Pai universal pleno de amor;
para a filosofia, o único Ser que existe por Si próprio, não dependendo de nenhum outro ser
para existir; e, magnanimamente, Ele confere realidade de existência a todas as coisas e a
todos os outros seres. Contudo, torna-se necessária a revelação, para mostrar que a Primeira
Causa da ciência e a Unidade auto-existente da filosofia são o mesmo Deus da religião, pleno
de misericórdia e bondade, e comprometido em efetivar a sobrevivência eterna dos Seus filhos
da Terra.
Nós almejamos o conceito do infinito, mas adoramos a idéia-experiência de Deus, a nossa
capacidade de captar, em qualquer tempo e qualquer lugar, os fatores da personalidade e da
divindade dentro do nosso mais elevado conceito de Deidade.
A consciência de uma vida humana vitoriosa, na Terra, nasce daquela fé do ser criado a qual
se atreve a desafiar cada episódio recorrente da existência, quando se defronta com o
espetáculo pavoroso das limitações humanas, por meio da afirmação infalível: ainda que eu
não possa fazer isso, em mim vive alguém que pode e que irá fazê-lo, uma parte do
Pai-Absoluto do universo dos universos. E essa é “a vitória que conquista o mundo, é a vossa
própria fé”.
5. IDÉIAS ERRÔNEAS SOBRE DEUS
A tradição religiosa é o registro, imperfeitamente preservado, das experiências dos homens
sabedores de Deus das eras passadas; contudo, tais registros não são confiáveis como guias
para a vida religiosa, nem como fonte de informação verdadeira sobre o Pai Universal. Tais
crenças antigas têm sido invariavelmente alteradas pelo fato de o homem primitivo haver sido
um elaborador de mitos.
Em Urântia, uma das fontes principais de confusão, a respeito da natureza de Deus, provém do
fato de que os vossos livros sagrados não foram capazes de distinguir claramente as
personalidades da Trindade do Paraíso, entre elas próprias; nem entre a Deidade do Paraíso e
os criadores e administradores do universo local. Durante as dispensações passadas, de
entendimento parcial, os vossos sacerdotes e profetas não conseguiram estabelecer com
clareza as diferenças entre os Príncipes Planetários, os Soberanos dos Sistemas, os Pais da
Constelação, os Filhos Criadores, os Governantes dos Superuniversos, o Ser Supremo e o Pai
Universal. Muitas das mensagens de personalidades subordinadas, tais como os Portadores da
Vida e várias ordens de anjos, têm sido apresentadas, nos vossos registros, como sendo
provenientes do próprio Deus. O pensamento religioso de Urântia ainda confunde as
personalidades coligadas da Deidade com o próprio Pai Universal, de maneira a dar a todos um
mesmo nome.
O povo de Urântia continua a sofrer a influência de conceitos primitivos de Deus. Os deuses
desencadeados na tormenta, que sacodem a Terra na sua cólera e que derrubam os homens na sua
ira, os que infligem o seu julgamento descontente na forma de penúria e de enchentes – estes
são os deuses da religião primitiva, não são os Deuses que vivem nos universos e que os
governam.Tais conceitos são uma relíquia dos tempos em que os homens supunham que o universo
estivesse sob o domínio e o controle dos caprichos de tais deuses imaginários. O homem
mortal, entretanto, está começando a dar-se conta de que vive em um reino de relativa lei e
ordem, no que diz respeito às políticas administrativas e à conduta dos Criadores Supremos e
dos Controladores Supremos.
A idéia bárbara de apaziguar a um Deus irado, fazendo propiciações para um Senhor ofendido,
tentando ganhar os favores da Deidade; e tudo isso por meio de sacrifícios e de penitências,
ou mesmo pelo derramamento de sangue, é sinal de uma religião totalmente pueril e primitiva,
de uma filosofia indigna de uma era esclarecida pela ciência e pela verdade. Tais crenças
são extremamente repulsivas aos seres celestes e aos governantes divinos que servem e reinam
nos universos. É uma afronta a Deus acreditar, sustentar ou ensinar que o sangue inocente
deve ser derramado com a finalidade de conquistar os Seus favores ou de conjurar uma ira
divina fictícia.
Os hebreus acreditavam que “sem derramamento de sangue não haveria remissão do pecado”. Eles
não se haviam libertado da velha idéia pagã de que os Deuses não poderiam ser apaziguados a
não ser pela visão do sangue, embora Moisés tenha trazido um claro avanço quando proibiu os
sacrifícios humanos e os substituiu, na mente primitiva dos beduínos infantis que o seguiam,
pelo sacrifício cerimonial de animais.
A outorga de si próprio, feita por um Filho do Paraíso, no vosso mundo, foi inerente à
situação de fechamento de uma era planetária. Não que tenha sido necessária ao propósito de
ganhar os favores de Deus, e sim porque era inevitável. Essa doação de si próprio também
aconteceu como ato pessoal final de um Filho Criador, na longa aventura de alcançar a
soberania experiencial do seu universo. Que distorção do caráter infinito de Deus não é o
ensinamento de que o Seu coração paternal, em Sua suposta frieza e dureza austeras, não era
tocado pelos sofrimentos e infortúnios das Suas criaturas, de que a Sua misericórdia terna
não seria distribuída senão quando Ele visse o Seu Filho inocente sangrando e morrendo na
cruz no Calvário!
Mas os habitantes de Urântia hão de libertar-se dos erros antigos e das superstições pagãs,
a respeito da natureza do Pai Universal. A revelação da verdade sobre Deus está surgindo, e
a raça humana está destinada a conhecer o Pai Universal, em toda a beleza de caráter e graça
de atributos que o Filho Criador tão magnificamente descreveu, ao residir em Urântia, como o
Filho do Homem e o Filho de Deus.
[Apresentado por um Conselheiro Divino de Uversa.]
DOCUMENTO 4
A RELAÇÃO DE DEUS COM O UNIVERSO
O Pai Universal tem um propósito eterno em relação aos fenômenos materiais, intelectuais e
espirituais do universo dos universos, propósito este que Ele está cumprindo ao longo de
todo o tempo. Deus criou os universos pela Sua própria vontade, livre e soberana, e criou-os
de acordo com o Seu propósito onisciente e eterno. É questionável que alguém, exceto as
Deidades do Paraíso e os Seus coligados mais elevados, realmente saiba muita coisa sobre o
propósito eterno de Deus. Até mesmo os cidadãos excelsos do Paraíso têm opiniões bastante
diversas sobre a natureza do propósito eterno das Deidades.
É fácil deduzir que o propósito de criar o universo central perfeito de Havona foi puramente
uma satisfação de natureza divina. Havona pode servir como modelo original de criação para
todos os outros universos e como aprendizado final para os peregrinos do tempo, no seu
caminho para o Paraíso; contudo, essa criação tão superna deve existir fundamentalmente para
o prazer e a satisfação dos Criadores perfeitos e infinitos.
O plano assombroso de aperfeiçoamento dos mortais evolucionários e, uma vez que hajam
alcançado o Paraíso e os Corpos da Finalidade, a fim de prover-lhes o preparo posterior para
alguma tarefa futura não revelada, com efeito, parece ser, no presente, uma das principais
preocupações dos sete superuniversos e das suas numerosas subdivisões; entretanto, esse
esquema de ascensão para espiritualizar e aperfeiçoar os mortais do tempo e do espaço não é,
de forma alguma, a ocupação exclusiva das inteligências do universo. Há, de fato, muitas
outras metas fascinantes que ocupam o tempo e canalizam as energias das hostes celestes.
1. A ATITUDE DO PAI PARA COM O UNIVERSO
Durante muitas épocas, os habitantes de Urântia têm interpretado erroneamente a providência
de Deus. Há uma providência divina operando no vosso mundo, mas ela não é o ministério
material, pueril e arbitrário que muitos mortais conceberam que fosse. A providência de Deus
consiste nas atividades entrelaçadas dos seres celestes e dos espíritos divinos, os quais,
de acordo com as leis cósmicas, trabalham incessantemente para a honra de Deus e para o
avanço espiritual dos Seus filhos no universo.
Acaso não podeis avançar no vosso conceito do trato de Deus com o homem, até aquele nível no
qual reconhecereis que a palavra de ordem do universo deve ser progresso? Durante longas
idades, a raça humana tem lutado para chegar ao seu estado atual. Ao longo de todos esses
milênios, a Providência tem colocado em prática o plano de evolução progressiva. Esses dois
pensamentos não são opostos na prática, apenas na concepção errônea dos homens. A
Providência divina não se alinha em oposição ao verdadeiro progresso humano, seja ele
temporal, seja espiritual. A Providência é sempre coerente com a natureza imutável e
perfeita do Legislador supremo. “Deus é fiel” e “todos os Seus mandamentos são justos”. “A Sua constância está estabelecida
nos próprios céus.” “Para sempre, ó Senhor, a Tua palavra estabeleceu-se nos céus. A Tua
fidelidade é para todas as gerações; Tu estabeleceste a Terra e ela permanece.” “Ele é um
Criador merecedor de fé.”
Não há limites para as forças e personalidades que o Pai pode usar para manter o Seu
propósito e sustentar as Suas criaturas. “O Deus eterno é O nosso refúgio, e por debaixo Ele
mantém os Seus braços perpétuos.” “Ele, que mora no lugar secreto do Altíssimo, habitará sob
a sombra do Todo-Poderoso.” “Olhai, Aquele que nos guarda não cochilará nem adormecerá.”
“Sabemos que todas as coisas trabalham juntas para o bem daqueles que amam a Deus”, “pois os
olhos do Senhor estão sobre os justos e os Seus ouvidos abertos às preces deles”.
Deus sustenta “todas as coisas pela palavra do Seu poder”. E mundos novos nascem, quando Ele
“envia espaço afora os Seus Filhos, e os mundos são criados”. Deus não apenas os cria, mas
“preserva-os todos”. Deus sustenta constantemente todas as coisas materiais e todos os seres
espirituais. Os universos são eternamente estáveis. A estabilidade se sustenta em meio à
instabilidade aparente. Existem uma ordem e uma segurança subjacentes, em meio às
perturbações da energia e aos cataclismos físicos nos domínios estelares.
O Pai Universal não Se retirou da administração dos universos; Ele não é uma Deidade
inativa. Se Deus deixasse de ser o sustentador sempre presente de toda a criação, um colapso
universal ocorreria imediatamente. Fora de Deus, não haveria uma coisa tal como a realidade.
Neste momento mesmo, bem como durante eras remotas no passado e no futuro eterno, Deus
continua como o sustentador. O alcance divino estende-se ao redor do círculo da eternidade.
Não se dá corda ao universo como a um relógio, para que funcione por um tempo até cessar de
funcionar; todas as coisas estão sendo constantemente renovadas. O Pai distribui
incessantemente a energia, a luz e a vida. O trabalho de Deus é tão real e prático quanto
espiritual. “Ele estende o norte sobre o espaço vazio e suspende a Terra sobre o nada.”
Um ser da minha ordem pode descobrir a harmonia última e detectar uma coordenação profunda e
ampla nos assuntos rotineiros da administração do universo. Muito do que parece ser
desconectado e fortuito, para a mente mortal, mostra-se ordenado e construtivo à minha
compreensão. No universo, entretanto, ocorrem muitas coisas que eu não compreendo
plenamente. Por muito tempo tenho estudado as forças, as energias, as mentes, as morôncias,
os espíritos e as personalidades reconhecidas dos universos locais e superuniversos, e por
isso tenho uma certa familiaridade com eles. Possuo uma compreensão geral de como essas
agências e personalidades operam; e estou intimamente familiarizado com os trabalhos das
inteligências espirituais dignas de crédito no grande universo. Apesar do conhecimento que
tenho dos fenômenos dos universos, vejo-me constantemente confrontado por reações cósmicas
que não posso penetrar inteiramente. Eu deparo continuamente com conspirações aparentemente
fortuitas, tecidas por uma interação de forças, energias, intelectos e espíritos, que não
consigo explicar de maneira satisfatória.
Considero-me inteiramente competente para descrever e analisar como operam todos os
fenômenos resultantes diretamente das ações do Pai Universal, do Filho Eterno, do Espírito
Infinito e, em grande parte, da Ilha do Paraíso. O que causa a minha perplexidade é deparar
com o que parece ser o desempenho dos Seus coordenados misteriosos, os três Absolutos de
potencialidade. Esses Absolutos parecem suplantar a matéria, transcender a mente e
sobrepujar-se ao espírito. Fico constantemente confuso, e muitas vezes perplexo, com a minha
incapacidade de compreender essas transações complexas que atribuo às presenças e à atuação
do Absoluto Inqualificável, do Absoluto da Deidade e do Absoluto Universal.
Esses Absolutos devem ser as presenças não totalmente reveladas no amplo universo que, nos
fenômenos de potência do espaço e na função de outros superúltimos, tornam impossível aos
físicos, filósofos ou mesmo aos religiosos predizer, com certeza, como as fontes primordiais
de força, conceito e espírito responderão às exigências feitas em uma situação complexa de
realidade, envolvendo ajustes supremos e valores últimos.
Há também uma unidade orgânica, nos universos do tempo e do espaço, que parece respaldar
toda a tessitura dos eventos cósmicos. Essa presença viva do Ser Supremo em evolução, essa
Imanência do Incompleto Projetado, é inexplicavelmente manifestada de quando em quando por
meio daquilo que parece ser uma coordenação assombrosamente fortuita de acontecimentos
cósmicos aparentemente desconectados. Essa deve ser a função da Providência – o âmbito do
Ser Supremo e do Agente Conjunto.
Estou inclinado a acreditar que é esse controle vasto e geralmente irreconhecível, de
coordenação e de interassociação, de todas as fases e formas da atividade universal, que
causa uma mescla tão variada, tão aparente e incorrigivelmente confusa, de fenômenos
físicos, mentais, morais e espirituais que, de um modo tão inequívoco, trabalham para a
glória de Deus e para o bem de homens e anjos.
Mas, em um sentido mais amplo, os “acidentes” aparentes do cosmo são indubitavelmente uma
parte do drama finito da aventura tempo-espacial do Infinito, na sua eterna manipulação dos
Absolutos.
2. DEUS E A NATUREZA
A natureza é, em um sentido limitado, a vestimenta física de Deus. A conduta, ou a ação de
Deus qualifica-se e modifica-se provisionalmente pelos planos experimentais, pelos modelos
evolucionários de um universo local, constelação, sistema ou planeta. Deus atua de acordo
com uma lei bem definida, invariável e imutável, em todo o amplo e vasto universo-mestre;
mas Ele modifica os modelos da Sua ação, de modo a contribuir para a conduta coordenada e
equilibrada de cada universo, constelação, sistema, planeta e personalidade, de acordo com
os objetivos, metas e planos locais dos projetos finitos para o desdobramento evolucionário.
Por conseguinte, a natureza, como o homem mortal a compreende, representa o fundamento de
respaldo e o suporte fundamental para uma Deidade imutável e para as suas leis invariáveis,
que se modificam, que flutuam e que passam por transtornos devido ao funcionamento local dos
planos, propósitos, modelos e condições inauguradas e levadas adiante pelas forças e
personalidades do universo local, da constelação, do sistema e dos planetas. Por exemplo: as
leis de Deus, tais como ordenadas em Nebadon, foram modificadas pelos planos estabelecidos
pelo Filho Criador e pelo Espírito Criativo desse universo local; e, além de tudo isso, a
operação dessas leis foi ainda ulteriormente influenciada pelos erros, falhas e insurreições
de alguns seres residentes no vosso planeta e pertencentes diretamente ao vosso sistema
planetário de Satânia.
A natureza é uma resultante, no tempo-espaço, de dois fatores cósmicos: primeiro, a
imutabilidade, a perfeição e a retidão da Deidade do Paraíso; e, segundo, os planos
experimentais, os tropeços nas execuções, os erros de insurreições, a incompletude no
desenvolvimento e a imperfeição de sabedoria das criaturas exteriores ao Paraíso, das mais
altas às mais baixas. A natureza, portanto, traz um vínculo de perfeição, uniforme,
imutável, majestoso e maravilhoso, que vem do círculo da eternidade; mas, em cada universo,
planeta e vida individual, essa natureza é modificada, qualificada e desfigurada casualmente
pelos atos, erros e deslealdades das criaturas dos sistemas e dos universos evolucionários;
e é por isso que a natureza tem sempre o ânimo mutável e caprichoso, se bem que estável, no
fundo, e que varia de acordo com os procedimentos vigentes em cada universo local.
A natureza é a perfeição do Paraíso dividida pela incompletude, pelo mal e o pecado dos
universos inacabados. Esse quociente expressa, assim, tanto do perfeito quanto do parcial,
tanto do eterno quanto do temporal. A evolução contínua modifica a natureza fazendo aumentar
o seu conteúdo de perfeição do Paraíso e reduzindo o conteúdo de mal, de erro e de
desarmonia da realidade relativa.
Deus não está pessoalmente presente na natureza, nem em nenhuma das forças da natureza, pois
o fenômeno da natureza é uma superimposição das imperfeições da evolução progressiva e,
algumas vezes, das conseqüências da rebelião insurrecionária, sobre os fundamentos
provenientes do Paraíso, da lei universal de Deus. Do modo como se apresenta em um mundo,
tal como o de Urântia, a natureza jamais pode ser a expressão adequada, a verdadeira
representação, o retrato fiel de um Deus infinito e onisciente.
A natureza, no vosso mundo, é uma requalificação estipulada das leis da perfeição, feita
pelos planos evolucionários do universo local. Que farsa é adorar a natureza porque esteja
penetrada por Deus, pois ela o está de um modo limitado e restritivo, porque é apenas uma
fase do poder universal e, portanto, do poder divino! A natureza também é uma manifestação
do inacabado, do incompleto, das elaborações imperfeitas do desenvolvimento, do crescimento
e do progresso de um universo experimental, em evolução cósmica.
Os defeitos aparentes do mundo natural não indicam quaisquer defeitos correspondentes no
caráter de Deus. As imperfeições observadas são meramente as interrupções momentâneas
inevitáveis na projeção de um filme sempre em movimento, que é a infinitude. E são essas
mesmas interrupções defeituosas, da perfeição em continuidade, que possibilitam à mente
finita do homem material captar uma visão fugaz da realidade divina no tempo e no espaço. As
manifestações materiais da divindade parecem defeituosas à mente evolucionária do homem,
apenas porque o homem mortal insiste em uma visão dos fenômenos da natureza por meio dos
seus olhos naturais; pela visão humana não ajudada pela mota moroncial; nem por meio da
revelação, que é a substituta compensatória da mota nos mundos do tempo.
E a natureza está desfigurada: a sua face de beleza tem cicatrizes, as suas feições ficaram
murchas com a rebelião, pela conduta errônea, pelo pensamento desviado das miríades de
criaturas que são uma parte da natureza, mas que têm contribuído para a sua desfiguração no
tempo. Não, a natureza não é Deus. A natureza não é um objeto de adoração.
3. O CARÁTER IMUTÁVEL DE DEUS
Por um tempo grande demais o homem pensou em Deus como um ser semelhante a si próprio. Deus
não tem, nunca teve e nunca terá rivalidade ou ciúme do homem, nem de qualquer outro ser no
universo dos universos. Sabendo que o Filho Criador pretendia que o homem fosse a obra-prima
da criação planetária, que fosse o soberano da Terra inteira, quando Deus teve a visão do
homem sendo dominado pelas suas próprias paixões mais baixas, e viu o espetáculo da Sua
criatura prostrada diante de ídolos de madeira, de pedra, de ouro, e diante da própria
ambição egoísta – essas cenas sórdidas levaram Deus e os Seus Filhos a tomar-Se de zelo e de
cuidado pelo homem, mas nunca por rivalidade nem por ciúme do homem.
O Deus eterno é incapaz de ira ou de raiva, no sentido que essas emoções humanas têm e como
o homem entende tais reações. Esses sentimentos são mesquinhos e desprezíveis; são indignos
de serem chamados até de humanos e mais ainda de divinos; e tais atitudes são totalmente
alheias à natureza perfeita e ao caráter pleno de graça do Pai Universal.
Uma parte muito grande da dificuldade que os mortais de Urântia têm de compreender Deus
deve-se às conseqüências, de longo alcance, da rebelião de Lúcifer e da traição de
Caligástia. Em mundos não segregados pelo pecado, as raças evolucionárias são capazes de
formular idéias muito melhores do Pai Universal, pois os seus conceitos sofrem menos
distorções, confusões e deturpações.
Deus não se arrepende de nada que haja feito, que agora faça ou que venha um dia a fazer.
Ele é onisciente, bem como onipotente. A sabedoria do homem vem das provações e dos erros da
experiência humana; a sabedoria de Deus consiste na perfeição inqualificável, ou ilimitada,
do Seu discernimento universal infinito e irrestrito; e esse pré-conhecimento efetivamente
dirige o Seu livre-arbítrio criador.
O Pai Universal nunca faz nada que cause dor ou arrependimento subseqüentes. Mas as
criaturas volitivas, planejadas e feitas pelas Suas personalidades Criadoras, nos universos
remotos, pela própria escolha desafortunada dessas criaturas, algumas vezes, causam emoções
de pesar divino nas personalidades dos seus pais Criadores. Todavia, embora o Pai não cometa
erros, nem abrigue arrependimentos, ou experimente o pesar, Ele é um Ser que tem uma afeição
de Pai, e o Seu coração fica pesaroso, sem dúvida, quando os Seus filhos falham em atingir
os níveis espirituais que seriam capazes de alcançar, com a assistência que foi tão
livremente provida pelos planos da realização espiritual e pelas políticas de ascensão dos
mortais nos universos.
A infinita bondade do Pai está além da compreensão da mente finita do tempo; por isso é que
deve haver sempre uma forma de contraste com o mal comparativo (não o pecado) para a
exibição efetiva de todas as fases da bondade relativa. A perfeição da bondade divina pode
ser discernida pela intuição mortal imperfeita apenas porque ela se destaca, por contraste,
da imperfeição relativa das relações entre o tempo e a matéria, nos movimentos do espaço.
O caráter de Deus é infinitamente supra-humano; e é por isso que essa natureza da divindade
deve ser personalizada, como o é, nos Filhos divinos, antes que possa ser captada com a fé,
pela mente finita do homem.
4. COMO COMPREENDER DEUS
Deus é o único ser estacionário, autocontido e imutável em todo o universo dos universos e
para quem não há um lado exterior além, nem passado, nem futuro. Deus é energia com um
propósito (o espírito criador) e vontade absoluta, atributos que são auto-existentes e
universais.
Posto que Deus existe por si próprio, Ele é absolutamente independente. A própria identidade
de Deus é inimiga da mudança. “Eu, o Senhor, não mudo.” Deus é imutável; mas, até que vós
tenhais alcançado o status do Paraíso, não podeis nem mesmo começar a entender como Deus
pode passar da simplicidade à complexidade, da identidade à variação, da quiescência ao
movimento, da infinitude à finitude, do divino ao humano e da unidade à dualidade, e, desta,
à trindade. E Deus pode, assim, modificar as manifestações da sua absolutez, pois a
imutabilidade divina não implica a imobilidade; Deus tem vontade – Ele é a vontade.
Deus é o Ser da autodeterminação absoluta, não há limites para as Suas reações no universo,
exceto aqueles que são auto-impostos, e os Seus atos de livre-arbítrio são condicionados
apenas por aquelas qualidades divinas e atributos perfeitos que caracterizam inerentemente a
Sua natureza eterna. Portanto, Deus está relacionado ao universo como o Ser de bondade final
e, ainda, de vontade livre de infinitude criadora.
O Pai-absoluto é o criador do universo central e perfeito e o Pai de todos os outros
Criadores. Deus compartilha a personalidade, a bondade e inúmeras outras características,
com o homem e outros seres; a infinitude da vontade, entretanto, é apenas Dele. Deus é
limitado, nos Seus atos criadores, apenas pelos sentimentos da Sua natureza eterna e pelos
ditames da Sua sabedoria infinita. Deus pessoalmente escolhe apenas aquilo que é
infinitamente perfeito, daí a perfeição superna do universo central; e, embora os Filhos
Criadores compartilhem plenamente a Sua divindade e até mesmo algumas fases da Sua
absolutez, eles não estão completamente orientados por aquela finalidade de sabedoria que
dirige a infinitude da vontade do Pai. E por isso, na ordem de filiação dos Michaéis, o
livre-arbítrio criador torna-se mais ativo, mais plenamente divino, e quase último, se não
absoluto mesmo. O Pai é infinito e eterno, mas negar a possibilidade da Sua autolimitação
volitiva equivaleria a negar o próprio conceito de absolutez da Sua vontade.
A absolutez de Deus permeia todos os sete níveis da realidade universal. E a totalidade da
Sua natureza absoluta está sujeita à relação do Criador com a Sua família de criaturas no
universo. A precisão pode caracterizar a justiça trinitária no universo dos universos, mas
em todo o Seu vasto relacionamento familiar, com as criaturas do tempo, o Deus dos universos
Se pauta pelo sentimento divino. Em primeiro e último lugares – eternamente –, o Deus
infinito é um Pai. Entre todos os títulos possíveis pelos quais Ele poderia ser conhecido
apropriadamente, fui instruído a retratar o Deus de toda criação como o Pai Universal.
Em Deus, o Pai, os atos do livre-arbítrio não são regidos pelo poder, nem guiados apenas
pelo intelecto; a personalidade divina é definida como consistindo no espírito e
manifestando a Si próprio aos universos como amor. Portanto, em todas as Suas relações
pessoais, com as personalidades criaturas dos universos, a Primeira Fonte e Centro é sempre
e de forma coerente um Pai amoroso. Deus é um Pai, no sentido mais elevado do termo. Ele
está eternamente motivado pelo idealismo perfeito do amor divino; e essa natureza terna
encontra a Sua mais forte expressão e a maior satisfação em amar e ser amada.
Para a ciência, Deus é a Primeira Causa; para a religião, o Pai universal pleno de amor;
para a filosofia, o único Ser que existe por Si próprio, não dependendo de nenhum outro ser
para existir; e, magnanimamente, Ele confere realidade de existência a todas as coisas e a
todos os outros seres. Contudo, torna-se necessária a revelação, para mostrar que a Primeira
Causa da ciência e a Unidade auto-existente da filosofia são o mesmo Deus da religião, pleno
de misericórdia e bondade, e comprometido em efetivar a sobrevivência eterna dos Seus filhos
da Terra.
Nós almejamos o conceito do infinito, mas adoramos a idéia-experiência de Deus, a nossa
capacidade de captar, em qualquer tempo e qualquer lugar, os fatores da personalidade e da
divindade dentro do nosso mais elevado conceito de Deidade.
A consciência de uma vida humana vitoriosa, na Terra, nasce daquela fé do ser criado a qual
se atreve a desafiar cada episódio recorrente da existência, quando se defronta com o
espetáculo pavoroso das limitações humanas, por meio da afirmação infalível: ainda que eu
não possa fazer isso, em mim vive alguém que pode e que irá fazê-lo, uma parte do
Pai-Absoluto do universo dos universos. E essa é “a vitória que conquista o mundo, é a vossa
própria fé”.
5. IDÉIAS ERRÔNEAS SOBRE DEUS
A tradição religiosa é o registro, imperfeitamente preservado, das experiências dos homens
sabedores de Deus das eras passadas; contudo, tais registros não são confiáveis como guias
para a vida religiosa, nem como fonte de informação verdadeira sobre o Pai Universal. Tais
crenças antigas têm sido invariavelmente alteradas pelo fato de o homem primitivo haver sido
um elaborador de mitos.
Em Urântia, uma das fontes principais de confusão, a respeito da natureza de Deus, provém do
fato de que os vossos livros sagrados não foram capazes de distinguir claramente as
personalidades da Trindade do Paraíso, entre elas próprias; nem entre a Deidade do Paraíso e
os criadores e administradores do universo local. Durante as dispensações passadas, de
entendimento parcial, os vossos sacerdotes e profetas não conseguiram estabelecer com
clareza as diferenças entre os Príncipes Planetários, os Soberanos dos Sistemas, os Pais da
Constelação, os Filhos Criadores, os Governantes dos Superuniversos, o Ser Supremo e o Pai
Universal. Muitas das mensagens de personalidades subordinadas, tais como os Portadores da
Vida e várias ordens de anjos, têm sido apresentadas, nos vossos registros, como sendo
provenientes do próprio Deus. O pensamento religioso de Urântia ainda confunde as
personalidades coligadas da Deidade com o próprio Pai Universal, de maneira a dar a todos um
mesmo nome.
O povo de Urântia continua a sofrer a influência de conceitos primitivos de Deus. Os deuses
desencadeados na tormenta, que sacodem a Terra na sua cólera e que derrubam os homens na sua
ira, os que infligem o seu julgamento descontente na forma de penúria e de enchentes – estes
são os deuses da religião primitiva, não são os Deuses que vivem nos universos e que os
governam.Tais conceitos são uma relíquia dos tempos em que os homens supunham que o universo
estivesse sob o domínio e o controle dos caprichos de tais deuses imaginários. O homem
mortal, entretanto, está começando a dar-se conta de que vive em um reino de relativa lei e
ordem, no que diz respeito às políticas administrativas e à conduta dos Criadores Supremos e
dos Controladores Supremos.
A idéia bárbara de apaziguar a um Deus irado, fazendo propiciações para um Senhor ofendido,
tentando ganhar os favores da Deidade; e tudo isso por meio de sacrifícios e de penitências,
ou mesmo pelo derramamento de sangue, é sinal de uma religião totalmente pueril e primitiva,
de uma filosofia indigna de uma era esclarecida pela ciência e pela verdade. Tais crenças
são extremamente repulsivas aos seres celestes e aos governantes divinos que servem e reinam
nos universos. É uma afronta a Deus acreditar, sustentar ou ensinar que o sangue inocente
deve ser derramado com a finalidade de conquistar os Seus favores ou de conjurar uma ira
divina fictícia.
Os hebreus acreditavam que “sem derramamento de sangue não haveria remissão do pecado”. Eles
não se haviam libertado da velha idéia pagã de que os Deuses não poderiam ser apaziguados a
não ser pela visão do sangue, embora Moisés tenha trazido um claro avanço quando proibiu os
sacrifícios humanos e os substituiu, na mente primitiva dos beduínos infantis que o seguiam,
pelo sacrifício cerimonial de animais.
A outorga de si próprio, feita por um Filho do Paraíso, no vosso mundo, foi inerente à
situação de fechamento de uma era planetária. Não que tenha sido necessária ao propósito de
ganhar os favores de Deus, e sim porque era inevitável. Essa doação de si próprio também
aconteceu como ato pessoal final de um Filho Criador, na longa aventura de alcançar a
soberania experiencial do seu universo. Que distorção do caráter infinito de Deus não é o
ensinamento de que o Seu coração paternal, em Sua suposta frieza e dureza austeras, não era
tocado pelos sofrimentos e infortúnios das Suas criaturas, de que a Sua misericórdia terna
não seria distribuída senão quando Ele visse o Seu Filho inocente sangrando e morrendo na
cruz no Calvário!
Mas os habitantes de Urântia hão de libertar-se dos erros antigos e das superstições pagãs,
a respeito da natureza do Pai Universal. A revelação da verdade sobre Deus está surgindo, e
a raça humana está destinada a conhecer o Pai Universal, em toda a beleza de caráter e graça
de atributos que o Filho Criador tão magnificamente descreveu, ao residir em Urântia, como o
Filho do Homem e o Filho de Deus.
[Apresentado por um Conselheiro Divino de Uversa.]
Assinar:
Comentários (Atom)
